20 - O Chapinha do Alysson
Bom dia fusqueiros de todos os cantos e simpatizantes! Ao abrir meu e-mail, eis que vejo um novo fusqueiro querendo compartilhar sua história! Dessa vez foi o Alysson Maia e confesso que a história dele me emocionou! Achei muito bacana tudo oque você escreveu Alysson e aí está a história de vocês: sua e do Chapinha, do jeitinho que você me contou!
Muito obrigada por compartilhá-la e por fazer isso através deste blog! É bom saber que meu propósito tem dado certo e enfatizo, aos outros fusqueiros que desejarem contar suas histórias, que entrem em contato! Enviem um e-mail para gilianeperin@gmail.com! Será uma honra conhecer suas aventuras e poder compartilhá-las!!!
Quando criança,
aproximadamente 6 anos, havia um fusquinha branco 1977 que ficava na esquina da
minha casa. Ele pertencia ao dono do bar
da esquina e todos o conheciam pelo nome de ‘’chapinha’’, marca do vinho.
Esse fusca era muito
parecido com o Herbie e por assistir os filmes acreditava que poderia conversar
com ele e tê-lo como amigo. Então, todos os dias eu pegava meu caminhãozinho
cheio de bois amarrado por uma linha e saia puxando pelo quarteirão dando uma
voltinha e aproveitava para ir ver o fusca e ficar sentado lá perto dele por
algum tempo.
Eu tinha um pouco de medo do
dono dele e o carro só ficava trancado. Então, eu ficava insistindo com meu pai
para pedir ao dono dele para que eu pudesse adentrá-lo, o que acontecia algumas
vezes. Mas quando ele não queria deixar e eu ficava com raiva, abria a tampa do
motor e saia correndo ou então arrancava a fita isolante que ficava no para-choque. Fazia isso também pelo fato de não achar bonito aquela
fita preta. O que eu gostava no fusca era o cheiro do motor, o cheiro interno
de gasolina e do calor na tampa.
Na época que foi obrigado
aos donos dos carros colocarem o quite primeiro socorros, lembro-me achar um
charme ver aquele estojo sobre a tampa do chiqueirinho. Era como se fosse uma
complementação aquilo que eu já gostava no fusca.
Eu não só nutria uma paixão pelo fusca, como
também queria comprá-lo. Vivia pedindo ao meu pai para comprar esse fusca, e às
vezes falava com o dono que eu queria comprar, mas ninguém me dava atenção. Com
o passar dos anos nunca deixei de gostar e apreciar um belo fusca. Cheguei a
possuir alguns fuscas, mas sempre tinha comigo que faltava algo. As lembranças
do fusca do chapinha ainda não haviam sido apagadas.
Um belo dia passou por minha
cabeça ir atrás do paradeiro desse fusca na cidade onde morava, Moema-MG, mas
dentro de mim se passavam várias dúvidas e medos como: ele estar em um ferro
velho, não existir mais, ter sido descaracterizado ou não estar a venda.
Então fui a Moema e procurei
o chapinha, com muitas dificuldades e mais de uma tentativa consegui conversar
com o senhor e por falta de sorte ele havia vendido o carro a “preço de banana”
a um sujeito de Lagoa da Prata e essa pessoa teria vendido para outro ainda.
Fiquei um pouco desesperançoso de encontrá-lo, mas por sorte o chapinha ainda
tinha o número do celular do atual dono.
Assim liguei e ele disse que venderia o fusca para mim.
Então fui a Lagoa da Prata, acompanhado de meu melhor amigo, para poder rever meu fusquinha de infância. Na estrada várias coisas passaram por minha cabeça, seria um encontro depois de 18 anos aproximadamente. Quando cheguei à cidade tive um baque por ver a situação
que se encontrava o fusca, abandonado na rua junto a mais 6 fuscas, todos quase
uma sucata, cheio de lixo recicláveis por dentro e maltratados pelo tempo. Como
eu não tinha falado o horário que iria ver o carro, cheguei no momento em que
ele o lavava para melhorar a aparência e, claro, com a intenção de me explorar,
ou seja, vender o carro pelo triplo do preço que comprou.
Quando fui ver a placa,
ainda estava cadastrada no município de Moema.
Pedi para ver o recibo e eis a surpresa: rasurado e no nome do dono
antigo. Então usei como estratégia de forçar um desconto no valor que ele pediu
falando da burocracia que seria transferir o carro, fora o valor e o trabalho
com a vistoria.
Então depois de uma semana e
muito nos falar ele abaixou um pouco, mas mesmo assim saiu 700 reais a mais do
que ele comprou e ainda tive de buscá-lo no guincho gastando ainda mais. Sem
falar que quando cheguei ao local onde ele estava, percebi na hora que as rodas
haviam sido trocadas. Os bancos também
não eram os mesmos da época que entrei nele. Como o carro tinha ficado parado muito tempo,
o motor estava travado. Dessa forma, o guincho levou direto para o mecânico e
foi feita uma retifica no motor. Como eu não conhecia bem o mecânico e não
sabia sua índole, ele aproveitou da situação e não fez bem o serviço.
Assim, aproximadamente 8
meses depois tive de levar em outro mecânico e fazer outra retifica. Estou
arrumando ele aos poucos até voltar a aparência original, conservado como era
na minha infância. Uma surpresa boa foi ver que seu som original de fábrica
ainda funciona perfeitamente.
Essa luta não está sendo
nada fácil e os gastos vão surgindo, mas mesmo assim não me arrependo de ter ido
atrás e resgatado meu fusquinha que agora chamo de Chapinha.
(Alysson Maia)
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