5 - Queixo caído e fusca repartido!

    Após publicar o primeiro texto das minhas aventuras enquanto fusqueira, no dia 13 de abril, me bateu uma saudade do Tribuninha. Há duas semanas ou mais, ele já estava na funilaria do Zezinho e depois de receber várias palavras de incentivo e apoio ao meu recém criado blog “Diário de uma Fusqueira”, a saudade apertou.
    Apertou porque fiquei relembrando as aventuras e situações que já havia vivido ao seu lado, e principalmente imaginando tudo o que ainda estava por vir. Resolvi ir lá fazer uma visita. Imaginei que ia encontrar ele arreganhado, um pouco baqueado, mas não imaginava que ia ser tanto... O bichinho estava praticamente estuporado!


    Ele parecia nem existir. Quando cheguei, o Zezinho fez questão de me mostrar o que estava fazendo naquele momento... mas quando bati os olhos, pensei: “Acabou com meu fusca”. Sim, ele não tava lá! O que eu via era apenas o seu chassi, o seu suporte, e as rodas. Ah sim, o câmbio de marchas também estava lá! De resto, não havia mais nada, nada!
    O Zezinho começou o relato, falou que tava praticamente tudo podre, que o trabalho havia se tornado uma árdua missão. Me mostrou tudo o que havia sido retirado (ferrugem até nas tampas) e me mostrou o que faria dali pra frente, e como faria. Conforme ele foi falando, eu pensei: “Pronto, o Tribuninha vai ficar uns dois meses nessa UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”. Era tanta coisa, mas tanta coisa a ser feita... que já estava desencorajada e pensando em como iria lidar com a saudade. Um psicólogo talvez seria a melhor opção.
    Mas respirei fundo e resolvi perguntar quanto tempo levaria aquele processo todo de recomposição do meu besourinho. O Zezinho me disse que pretendia me entregar no final da outra semana... Como fui fazer a visita numa terça, em dez dias era capaz que eu levasse o meu queridinho de volta para o nosso lar.
    Para mim só podia ser um milagre mesmo... Pelo o que eu via diante dos meus olhos, do jeito que estava ali... só a carcaça (desculpa parceiro, mas era assim que você estava), dois meses ainda pareciam pouco para ele reestabelecer a sua saúde. Mas como todos dizem que para os milagres acontecerem é preciso acreditar, acreditei!
    E depois dessa injeção de ânimo e esperança, pedi para ver onde estava a outra parte do meu neném. O Zezinho me levou para os fundos da oficina, e lá eu vi o seu corpo, despejado em cima da caçamba de um caminhão... Sua lata estava lá, sozinha, ao relento. Zezinho começou a me explicar um monte de coisas que agora nem consigo lembrar, fiquei tão surpresa de vê-lo naquela situação, que não consegui prestar atenção às palavras. Estava focada na imagem que via na minha frente.
Mas aos poucos fui voltando à realidade e lembro que o Zezinho foi falando de outros procedimentos cirúrgicos que faria e lembro dele me garantindo que me entregaria o Tribuninha renovado, inteiro e pronto para muitas novas aventuras. Respirei fundo e novamente me enchi de esperança.
    Mas como jornalista, parece que não consigo ficar quieta, sem perguntar pelo menos um milhão de coisas. Depois de ver toda aquela situação, ouvir todos os serviços que estavam e ainda seriam feitas no besourinho, ainda resolvi questionar se, como o trabalho havia aumentado, o preço do trabalho aumentaria junto...
    Claro que a resposta foi um triste sim! Engoli seco mais uma vez e tentei negociar com o Zezinho. Perguntei quando eu poderia começar a limpar a oficina. Mas acho que ele não levou muito a sério a proposta... Deu uma risadinha e disse que a gente conversava sobre valores depois. Mas já avisei de cara... Limpeza de oficina saia um pouco mais caro, pois é preciso lidar com graxa e outras sujeirinhas... Eu precisava valorizar o meu futuro novo trabalho!
    Mas brincadeiras a parte, (infelizmente foi assim que ele entendeu...) falei para o Zezinho cuidar bem do Tribuninha, tratá-lo como se fosse um filho. Pois eu precisava dele inteiro, forte e saudável. Afinal, a partir deste investimento e de deixá-lo o “Ó do borogodó”, eu deixaria em paz o carro da minha solidária mamãe e usaria o meu próprio possante para trabalhar e fazer tudo o que precisasse ser feito.
    Mas lá foram os dez dias falados por Zezinho...lá se vão quase uns vinte dias na verdade e meu besourinho ainda não voltou para casa... O trabalho aumentou, a busca por peças levou um pouquinho mais do que o tempo previsto e cá estou eu sem o Tribuninha! Ansiosa por sua volta para casa, para ver se ele continua o mesmo bom e velho besourinho que conheci! Eu quero ele renovado, inteiro, mas quero ele com a essência que o conheci! Volta logo Tribuninha!!!

Comentários

  1. Volte... volte... Tribuninha, Giliane precisa muito de você afinal uma escritora uma jornalista precisa de uma tribuna para discursar.

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  2. Adorei o comentário... não vejo a hora dele voltar pra casa... saudades..

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  3. Tbm to na mesma situaçao, to retificando o motor do meu e ja faz 1 mes sem o Fusca...faz muita falta.
    Boa sorte na empreitada aí e muita paciência!
    abraço
    Léo

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