3 - A segunda vez é inesquecível!

Até aqui, depois da primeira vez que meu fusca me deixou parada na pista por eu não ter fornecido combustível pra ele, o besourinho branco me deixou apenas uma outra vez na mão! E dessa fez a culpa partiu dele...

Nem lembro o que foi que deu, mas tive que pedir socorro ao seu mecânico oficial! O engraçado é que o fusca sempre me rende boas histórias! Nesta segunda vez, fui com ele à padaria. Além de resolver me deixar na mão em frente à padaria mais frequentada da cidade, de um lado da rua, do outro lado, onde estacionei, foi em frente à uma construção!

Agora imaginem, uma mocinha, tentando dar a partida no seu fusca, e o bichinho nem sinal! A triste situação chamou a atenção de um pedreiro, que se aproximou para tentar ajudar!

Experiente, pediu licença, tentou dar a partida, olhou o motor, mas infelizmente não obteve sucesso! Não conseguindo ajudar, foi tentar me animar contando as suas experiências com fusca. Carro muito amado por ele! Contou sobre um fusca 82 e outro 79, se não me engano! Falou das vezes em que seus besourinhos o deixaram na mão, mas contou também da relação amorosa que teve com os dois. Falou de como aprendeu muitas técnicas aplicadas aos fuscas... enfim... A conversa se tornou tão boa e risonha, que aos poucos, outros foram se aproximando! Quando me dei conta, havia uns quatro ou cinco pedreiros ao meu redor, e todos nós conversávamos animadamente sobre um só assunto: fuscas!

Mas nesse meio termo eu também tentava pedir socorro. Sem créditos no celular, ligava insistentemente a cobrar para o meu pai. A intenção era ligar para o papis, para que ele fosse atrás do mecânico e o trouxesse até nós! Não deu certo, meu pai não me atendeu! A saída foi ligar para o antigo dono, que me indicou os mecânicos oficiais do meu fusquinha! Deu certo, liguei a cobrar para o Leandro (antigo dono) que pela graça divina me atendeu, ligou para os mecânicos, e estes me socorreram! Me despedi dos novos colegas, que voltaram para a construção e aguardei em casa, ansiosa, o retorno do meu besourinho.

Não lembro agora qual foi o problema que o Tribuninha apresentou aquele dia! Mas o que importa é que foi para a oficina e em pouco tempo o problema foi resolvido. A partir daí... não me deixou mais na mão!

Se bem que hoje, aos escrever estas novas linhas do Diário de uma Fusqueira, meu besourinho encontra-se em uma oficina! Não por vontade própria, e nem por ter me deixado na mão! Ele foi, antes que isso pudesse acontecer!

Meu 77 ficou, por anos, ao relento, embaixo de uma árvore e tal situação corroeu suas entranhas. Ou melhor, seu assoalho e algumas outras peças que ficam por baixo de seu chão! E foi por isso que o mandei para o amigo do meu pai, lá do Zezinho Latarias, para dar um grau e rejuvenescer o fusca da Gili! E ele está lá, aos poucos sendo ajeitado, melhorado! Que o serviço o deixe ainda mais elegante e depois que toda a lataria estiver ok, que venha o estofamento e o embelezamento interior!

O duro nesse processo é sempre aguentar as críticas, principalmente vindas da mamãe e do papai, sobre o "desperdício" de dinheiro nesse fusca! Eu, com muita garra, tento convencê-los de que nada disso é desperdício e sim investimento! Afinal, foi-se o tempo em que carros antigos se desvalorizavam. Hoje é ao contrário, quanto mais bem cuidado, mais valorizados os velhinhos são.

Por isso estou tentando cuidar bem do meu! Confesso que às vezes até dá para dar uma desanimadinha, mas ao lembrar que ter um fusca sempre foi o meu sonho, desde que eu me entendo por gente com vontade de dirigir, eu me recupero e sigo em frente: firme, forte e sorridente.

Provavelmente, por muitas vezes, não tomei e nem tomarei as melhores decisões! Mas fazer o quê? Esse é meu primeiro carro, meu primeiro fusca! Então tudo que tenho para aprender no quesito carros, será com ele: Meu fusca, meu mestre! E se for para vir muito aprendizado, que venha. Mestre e aluna vão enfrentar e superar todos os desafios!