2 - A primeira vez na mão!

Volta e meia fico lembrando da primeira vez que o meu fusquinha 1977 me deixou na mão! E aí já vem a primeira indagação: Quem deixou quem na mão? E não tem como, logo preciso assumir: a culpa é minha! Foi eu, por falta de confiança em seu marcador, que o deixou na mão, na rua! Afinal, sem gasolina, o besourinho não podia andar! E assim foi a minha primeira experiência de ficar parada na via, com meu fusca! Deixei ele na mão, sem combustível, e ele revidou: parou no meio da rua! Ou melhor, aproveitando o embalo, ainda consegui encostar ele no canteiro central. Não era o melhor lugar, mas foi o que deu para fazer... Os outros que desviassem pela direita!

Por sorte, a paradinha aconteceu em frente a uma borracharia, a uma quadra de distância de um posto! Ofereci um agrado para que o borracheiro arrumasse uma garrafa pet e a enchesse de gasolina! O borracheiro, na parceria, foi ao posto de combustível, encheu a garrafa e ainda despejou tudo no branquelinho, e olha que nem de agrado financeiro precisou. Apenas simpatia e diversos sorrisos já foram suficientes...

Mas no final foi assim, com dois litros de gasolina no tanque, graças ao borracheiro, fui até o posto e mandei acrescentar alguns litros a mais. E ali reforcei uma lição: confiar nos mais velhos, mesmo este velho sendo um fusca.  Daquele dia em diante, agora sempre confio no marcador! Apesar de ser quase um quarentão, vi, naquele dia, que ainda é de se confiar, é preciso confiar!

O engraçado nesse primeiro acontecimento foi que carregava comigo, o Lucas. Dono de um bar de rock chamado Gasoline. No fundinho o Lucas é um querido, mas sabe-se lá o por quê, faz questão de externar um bruto às vezes, um cara durão. Deve ser coisa de dono de bar de rock!

Mas o Lucas entra nessa história, pois nesse dia que o fusca secou o tanque e ficamos na mão, ele estava comigo. Voltávamos do cartório e eu rumava ao Gasoline para largá-lo lá! Fomos ao cartório para tirar o besourinho do nome do Lucas e passar ele pra mim! Naquele dia, me tornei dona oficial do Fusca Branco 1.300, ano 1977.

Entenda-se que comprei o fusca do advogado Leandro Corrente, mas quem não aguentou ver o besourinho largado às traças, abandonado embaixo de uma árvore, foi o Lucas Gusmão, o brutão do bar de rock... Não falei que no fundinho era um querido? Tá aí a prova.

Então a coincidência foi essa. Na primeira vez que eu e o fusquinha ficamos na mão, foi exatamente no dia em que eu me tornei oficialmente dona dele! Ele estava oficialmente em meu nome e deve ter resolvido estreitar a relação!

E deu para entender também como nossas vidas se cruzaram  né? O Lucas é dono do Gasoline Beer House, bar de rock frequentado assiduamente pela jornalista aqui e pelo advogado. O Lucas salvou o fusca das traças, o Leandro o comprou “não oficialmente”, dando uma geral no branquelo. Eu comprei o branquelinho do Leandro e o Lucas me garantiu, oficialmente, a posse do besourinho! Enfim, é meu e é isso o que importa.