4 - Sobre o primeiro grande investimento!
O
primeiro grande investimento feito no meu fusca 1977 aconteceu uns sete meses
após comprá-lo. Resolvi fazer o primeiro grande investimento não por frescura,
mas por necessidade! Para garantir uma vida saudável à ele e segura para mim! A
situação? Apesar de bonitinho por fora, e um motor muito super ok, suas
entranhas não estavam nada boas! Ferrugem, muita ferrugem... A fala do Zezinho
da funilaria se resume ao seguinte: “Você trouxe esse fusca na hora certa, mais
um pouco era capaz do chassi quebrar no meio”...
É
meus caros, ao longo dos primeiros meses fui descobrindo que a situação tava
estranha, mas não tinha noção de que estava tão feia assim... Assoalho o fusca
já nem tinha mais direito... Isso eu era capaz de ver, afinal o chão se abria
aos meus pés. Além disso, em uma visita cortesia ao tiozinho da funilaria, lá
pelo mês de dezembro de 2014, véspera do natal, ele já havia me dito que a
situação era feia.. que precisaria trocar todo o assoalho.. que o fusca tava
praticamente solto em cima do chassi e falou que para fazer um trabalho
completo de funilaria, em todo o fusca.. em cima e em baixo, dentro e fora, me
cobraria uns seis mil contos!
Engoli
seco, fingi que não era comigo... Mas na parceria o Zezinho ainda fez o favor,
acho que movido pelo clima natalino, de soldar uma parte do assoalho que ficava
abaixo dos meus pés, dos pés da motorista... Afinal, ele disse que do jeito que
tava eu corria o risco de entrar para a família Flinstones e ter que dirigir
com os pesinhos no asfalto. Mas pronto... serviço feito, achei que daria para
aguentar a situação por um longo período...
Contudo,
passado alguns dias, comecei a deixar o bezourinho quietinho na garagem e me
aproveitar do carro da mamãe... Tava com medo de andar com o fusca e vê-lo desmontando
em meio as ruas da minha amada Cacoal, que diga-se de passagem, estavam
passando pela pior fase de suas vidas... Eram tantos buracos que a qualquer
hora o Tribuninha poderia se desfazer em uma cratera. Por isso o bichinho tava
quieto, guardadinho na garagem de casa...
Cada
vez que passava por ele e o via lá quietinho, me partia o coração! Volta e meia
adentrava-o, botava seu motor para funcionar e batia um papo reto. Expliquei
para ele que enquanto eu não tivesse seis mil reais na conta, eu não podia
fazer nada e ele parece que desde sempre entendeu meu drama. Nunca deixou de
roncar quando eu girava a chave na sua ignição. O (coração) motor estava ótimo,
e era isso o que mais importava.
E
foi lá pelo mês de março, em conversa com meu pai, um dos principais (des)incentivadores na minha decisão de comprar o fusca, que ele me disse:
“Você não precisa fazer a funilaria completa! Faça o que é necessário para
manter ele bem, funcionando”! Segui os conselhos e contei com o apoio do veio
Perin (que em sua vida teve muita experiência com fuscas). Ele ligou para o
Zezinho, (o tiozinho da funilaria) um velho conhecido, e falou da situação,
conversaram sobre o fusca e chegaram a um acordo. Para fazer o que era
extremamente necessário, ia gastar por volta de uns três mil reais...
Ainda
tentei argumentar com meu pai, em particular, que não tinha esse dinheiro!
Afinal minhas economias estavam sendo destinadas para um mochilão que iria
fazer pelo Peru e pela Bolívia, mas meu pai foi enfático: “Leva esse fusca pra
lá, bota ele para fazer o que precisa ser feito... Quando tiver pronto, a gente
vê o que faz”... Ok pai, com o seu respaldo, concordei! E assim, em março de
2015, meu fusca foi rumo à sua primeira grande reforma. Deixei para me
preocupar com os três mil, apenas quando chegasse a hora.
Mas
resumindo, após a compra do besourinho lindo da mamãe, o primeiro grande
investimento que fiz, que saiu literalmente do bolso, foi no dia 7 de abril de
2015. Ele estava lá sendo trabalhado na funilaria do Zezinho e recebi a
ligação: “Preciso de algumas peças”.
Fui
atrás delas, comprei dois assoalhos, duas caixas de ar, canga, chapéu de
Napoleão e alguns outros itens que estavam na lista do Zezinho. Mas não parei
por aí! Fui além e já comprei todas as borrachas que eu sabia que precisavam
ser trocadas, maçanetas das portas, dos vidros... Enfim, foram tantas coisas
pequenas que a compra se tornou grande... Ao todo, gastei nessa primeira
brincadeira, R$700,00... Resolvi nem pensar no orçamento que o Zezinho tinha me
passado. Mantinha os dedinhos sempre cruzados para que o bonitinho do orçamento
não fosse extrapolado. Afinal, se até então eu não sabia de onde iam vir os
três pila... imagina se eles fossem excedidos... Mas ainda não era hora de
pensar no pior!
Tava
era feliz, pois sabia que o besourinho estava sendo bem tratado, que sairia de
lá renovado e com a saúde em dia. E era isso que interessava! Afinal, vida
longa ao meu fusca 1977!
Belo texto, Giliane. Mas acho que vc deveria corrigir esse pequeno erro:
ResponderExcluirDE:
... em conversa com meu pai, um dos principais des(incentivadores) na minha decisão de comprar o fusca ...
PARA:
em conversa com meu pai, um dos principais (des)incentivadores na minha decisão de comprar o fusca ...
Fusca é assim mesmo, espécie de casamento, mas que para quem gosta acaba saindo despercebido. Quando tinha o meu, resolvi estipular uma quantia mensal para gastos com ele: 200 reais, que gastava com lavagem, abastecimento e compra de uma ou outra peça. Seja Feliz com o seu Fusca 1977.
Marcelo Meireles Bahia
Fortaleza - Ceará.